Foto: Lula Marques (Arquivo)
Foto: Felipe Dalla Valle (Arquivo)
Se a nível nacional o cenário se mostra polarizado, a situação no Rio Grande do Sul ainda causa incertezas.
A pouco mais de três meses da eleição, o cenário nacional a presidente, neste momento, é bem mais claro comparado ao estadual para governador, que se mantém indefinido. Ao Palácio do Planalto, há 12 pré-candidatos, mas dois, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dominam a disputa presidencial. Já no Rio Grande do Sul, há 11 postulantes ao Piratini com um panorama muito incerto pelo fato de ter mais de um pré-candidato do mesmo espectro ideológico.
Mas tanto em nível nacional quanto estadual, as decisões finais sobre as pré-candidaturas e as alianças precisam ser tomadas entre 20 julho e 5 de agosto, período em que ocorrem as convenções e são confirmados os concorrentes deste pleito, que terá o maior número de eleitores aptos a votar em Santa Maria: 208.864.
Na peleia gaúcha, o cenário ganhou um fato novo com o anúncio, neste mês, da pré-candidatura do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que, até então, sempre negou concorrer à reeleição. Diante da confirmação, os tucanos buscam o apoio do MDB, que tem como pré-candidato o deputado estadual Gabriel Souza, para compor a chapa. Só que o partido não pensa em abrir mão de pré-candidatura própria, embora a cúpula do MDB nacional pressione Gabriel a desistir em apoio a Leite. Isso porque o MDB fechou aliança em nível nacional com o PSDB acerca da pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) a presidente. Além disso, os tucanos tentam atrair o PSD e União Brasil, que hoje estão no governo Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), mas o MDB também assedia as duas siglas, que estariam propensas a se unir a Gabriel. Portanto, há uma disputa particular entre os dois pré-candidatos de centro.
Do espectro à direita, o senador Luis Carlos Heinze (Progressistas) divide votos com o deputado federal Onyx Lorenzoni (PL), ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL). Os dois, aliás, darão palanque no Estado ao presidente na campanha pela reeleição. Dos dois, Heinze é o único com a chapa fechada. A vice é a vereadora de Porto Alegre Tanise Sabino (PTB), e a pré-candidata ao Senado, Comandante Nádia (Progressistas), também vereadora da Capital. Já Onyx ainda está em tratativas sobre alianças.
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No campo ideológico à esquerda ou centro-esquerda, há um maior número de pré-candidatos: Beto Albuquerque (PSB), Edegar Pretto (PT), Pedro Ruas (PSol) e Vieira da Cunha (PDT). Na terça-feira (28), Beto anunciou que recebeu o aval da cúpula nacional do PSB para levar a pré-candidatura adiante. O ex-presidente Lula fez um apelo pela unidade entre a esquerda, especialmente entre PSB e PT, mas as conversas não avançaram muito. O PSB também mira no PDT e, em caso de coligação, daria palanque ao presidenciável Ciro Gomes, embora os socialistas apoiem Lula em nível nacional.
Ainda concorrem ao Piratini o advogado Ricardo Jobim (Novo), que é de Santa Maria, o empresário Roberta Argenta (PSC), que tem ligação com a região, e a ex-presidente do Cpers Rejane de Oliveira (PSTU). Professor de Ciência Política do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Cleber Martins afirma que o ingresso de Leite na disputa tem um impacto, mas que ainda é cedo para avaliar o tamanho. Ainda sobre o tucano, ele acrescenta que Leite terá “questões” para ser superadas neste pleito que não tinham em 2018. O Rio grande do Sul tem muitas peculiaridades e tem um cenário indefinido – acrescenta.
Sobre os pré-candidatos da direita e da esquerda, o professor analisa o cenário:
As pré-candidaturas à direita estão divididas, e as pré-candidaturas da esquerda, fragmentadas.
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Confira as entrevistas realizadas na CDN, até o momento, com seis pré-candidatos ao governo do Estado:
“Pela minha história acho que posso contribuir muito para o Rio Grande do Sul”, afirma Luis Carlos Heinze, pré-candidato do Progressistas ao Piratini“A sociedade precisa participar, não adianta achar que o problema é do Estado ou do município”, afirma Roberto Argenta, pré-candidato ao governo do Estado“A saúde pública está aparelhada politicamente para a exploração eleitoral”, diz Ricardo Jobim, pré-candidato ao Governo do Estado“Serei candidato a governador e não um governador candidato”, afirma Eduardo Leite sobre pré-candidatura à reeleição“A ideia é simplificar e desburocratizar” afirma Onyx Lorenzoni, pré-candidato do PL ao governo do Estado‘As pessoas não querem favor, elas querem oportunidades’, afirma Edegar Pretto, pré-candidato do PT ao governo do Estado
Cenário presencial
Já a disputa presidencial, que promete ser uma das mais acirradas, parece bem mais definida, pelo menos é o que apontam as pesquisas eleitorais. O último levantamento do Datafolha consolida a polarização entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula, o que o professor considera natural por se tratar de “duas lideranças muito conhecidas.”
Martins observa que, embora as pesquisas sejam o retrato do momento, a tendência é que não haverá cenário para uma pré-candidatura viável, como Simone Tebet tentar se firmar, para fazer frente a Bolsonaro e Lula.
Eu diria que não há o mínimo espaço pela tendência das pesquisas – afirma o professor sobre a terceira via.
Na noite de segunda-feira (27), Bolsonaro anunciou que seu vice deverá ser o general Braga Neto, ex-ministro da Defesa de seu governo. Já o companheiro de Lula na chapa é o ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB e se filiou ao PSB para ser vice do petista. Simone Tebet deve ter um vice do PSDB. O nome mais provável é do senador Tasso Jereissati. Os demais pré-candidatos ainda discutem alianças e vices.
Todos os concorrentes aos cargos das eleições terão 45 dias de campanha oficial, a partir de 16 de agosto, para apresentarem duas propostas aos eleitores. O primeiro turno ocorrerá em 2 de outubro.
Jaqueline Silveira, jaqueline.silveira@diariosm.com.br
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